COMO PLANTAR, CUIDAR, COLHER E PREPARAR AS ERVAS


GROSSARIO DE TERMOS TECNICOS, PRINCIPIOS ATIVOS, PESOS E MEDIDAS,........ETC

INTRODUÇÃO


O uso de plantas medicinais pela população mundial tem sido muito significativo nos últimos tempos. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que cerca de 80% da população mundial fez o uso de algum tipo de erva na busca de alívio de alguma sintomatologia dolorosa ou desagradável. Desse total, pelo menos 30% deu-se por indicação médica.
A utilização de plantas medicinais, tem inclusive recebido incentivos da própria OMS. São muitos os fatores que vêm colaborando no desenvolvimento de práticas de saúde que incluam plantas medicinais, principalmente econômicos e sociais.
"As plantas medicinais brasileiras não curam apenas, fazem milagres". Com esta célebre frase, Von Martius definiu bem a capacidade de nossas ervas medicinais. É bem provável que das cerca de 200.000 espécies vegetais que possam existir no Brasil, na opinião de alguns autores, pelo menos a metade pode ter alguma propriedade terapeutica útil à população, mas nem 1% dessas espécies com potencial foi motivo de estudos adequados. As pesquisas com estas espécies devem receber apoio total do poder público, pois, além do fator econômico, há que se destacar a importância para a segurança nacional e preservação dos ecossistemas onde existam tais espécies.
Muitas substâncias exclusivas de plantas brasileiras encontram-se patenteadas por empresas ou órgãos governamentais estrangeiros, porque a pesquisa nacional não recebe o devido apoio. Hoje em dia, o custo para desenvolver medicamentos sintéticos ou semissintéticos é muito elevado e tem se mostrado pouco frutífero. Os trabalhos de pesquisa com plantas medicinais, via de regra, originam medicamentos em menor tempo, com custos muitas vezes inferior e, consequentemente, mais acessíveis à população, que, em geral, encontra-se sem quaisquer condições financeiras de arcar com os custos elevados da aquisição de medicamentos que possam ser utilizados como parte do atendimento das necessidades primárias de saúde, principalmente porque na maioria da vezes as matérias primas utilizadas na fabricação desses medicamentos são importadas. Por esses motivos ou pela deficência da rede pública de assistência primária de saúde, cerca de 80% da população brasileira não tem acesso aos medicamentos ditos essenciais.
As plantas medicinais, que têm avaliadas a sua eficiência terapêutica e a toxicologia ou segurança do uso, dentre outros aspectos, estão cientificamente aprovadas a serem utilizadas pela população nas suas necessidades básicas de saúde, em função da facilidade de acesso, do baixo custo e da compatibilidade cultural com as tradições populares. Uma vez que as plantas medicinais são classificadas como produtos naturais, a lei permite que sejam comercializadas livremente, além de poderem ser cultivadas por aqueles que disponham de condições mínimas necessárias. Com isto, é facilitada a automedicação orientada nos casos considerados mais simples e corriqueiros de uma comunidade, o que reduz a procura pelos profissionais de saúde, facilitando e reduzindo ainda mais o custo do serviço de saúde pública.
Por essas razões é que trabalhos de difusão e resgate do conhecimento de plantas vêm-se difundindo cada vez mais, principalmente nas áreas mais carentes.
Em todo o Brasil se multiplicam os programas de fitoterapia, apoiados pelo serviço público de saúde. Têm-se formado equipes multidisciplinares responsáveis pelo atendimento fitoterápico, com profissionais encarregados do cultivo de plantas medicinais, da produção de fitoterápicos, do diagnóstico médico e da recomendação destes produtos.
Para a OMS, saúde é : "Um bem - estar físico, mental e social e não apenas ausência de doença.". O uso de plantas medicinais como prática alternativa pode contribuir para a saude dos indivíduos, mas deve ser parte de um sistema integral que torne a pessoa realmente saudável e não simplesmente "sem doença".
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PARTE I - Os Princípios Ativos


As plantas sintetizam compostos químicos a partir dos nutrientes da água e da luz que recebem. Muitos desses compostos ou grupos deles podem provocar reações nos organismos, esses são os princípios ativos. Algumas dessas substâncias podem ou não ser tóxicas, isto depende muito da dosagem em que venham a ser utilizadas. Assim, "Planta medicinal é aquela que contém um ou mais de um princípio ativo que lhe confere atividade terapêutica".
Nem sempre os princípios ativos de uma planta são conhecidos, mas mesmo assim ela pode apresentar atividade medicinal satisfatória e ser usada desde que não apresente efeito tóxico. Existem vários grupos de princípios ativos, abordaremos apenas alguns de maior importância no Quadro I, abaixo:


Quadro I - Características de alguns Grupos de Princípios Ativos em Plantas Medicinais

GRUPO DE PROPRIEDADES MEDICINAIS E/OU TÓXICAS

PRINCIPIOS ATIVOS

ALCALÓIDES Atuam no sistema nervoso central (calmante, sedativo,estimulante, anestésico, analgésicos). Alguns podem ser cancerígenos e outros antitumorais. Ex.: Cafeína do café e guaraná, teobromina do cacau, pilocarpina do jaborandi, etc.
MUCILAGENS Cicatrizante, antinflamatório, laxativo, expectorante e antiespasmódico.Ex.: babosa e confrei.
FLAVONÓIDES Antinflamatório, fortalece os vasos capilares, antiesclerótico, anti-dematoso, dilatador de coronárias, espasmolítico, antihepatotóxico, colerético e antimicrobiano. Ex.: rutina (em arruda e favela).
TANINOS Adistringentes e antimicrobianos (antidiarréico). Precipitam proteínas. Ex.: barbatimao e goiabeira.
ÓLEOS ESSENCIAIS Bactericida, antivirótico, cicatrizante, analgésico, relaxante, expectorante e antiespasmódico. Ex.: mentol nas hortelãs, timol no tomilho e alecrim pimenta, ascaridol na erva-de-santa-maria, etc.
Fonte: Martins (1992).


CULTIVO DE HORTA MEDICINAL

Para iniciar uma horta Medicinal, precisamos selecionar as espécies e identificar corretamente as plantas. Uma horta medicinal, por certo, deverá produzir satisfatoriamente, ervas que podem ser usadas na culinária, temperos e aquelas de uso de rotina para o tratamento de doenças mais comuns do organismo. Tão logo sabemos o que plantar e por que plantar devemos agora saber onde plantar uma horta medicinal.

LOCAL

O local a ser escolhido para implantação de uma horta medicinal deverá ter água disponível em abundância e de boa qualidade, e se ainda exposto ao sol, principalmente pela manhã.

O SOLO

O solo deve ser leve e fértil para que as raízes tenham facilidade de penetrar e desenvolver. Tendo disponibilidade é bom fazer a análise do solo, principalmente se tratando de horta comercial. Quanto ao aspecto físico do solo, pode ser melhorado, no seu preparo, incorporando no mesmo, esterco e/ou composto orgânico, onde fornecerá nutrientes que ajudarão a reter a umidade.
A correção do solo pode ser feita com calcário, e ainda podemos também adubá-lo com um produto natural que é o humus. Certas espécies exigem solos úmidos como é o caso do chápeu-de-couro, cana-de-macaco, etc. Outras já gostam de terrenos areno-argilosos, com umidade controlada, é o caso de cará, bardana, alecrim, etc.


MÉTODOS DE PROPAGAÇÃO

Propagação Sexuada *Sementes *Sementeira/Transplante *Semeadura direta
Propagação Assexuada ou Vegetativa *Estacas de folhas *Estacas de caule *Estacas de raízes *Bulbos *Rizomas *Filhotes ou rebentos *Divisão de touceiras



PREPARO DO SOLO


Primeiramente fazemos uma limpeza geral da área, e a seguir revolvemos o solo com enxadão, pá-reta ou arado (mecanizado ou tração animal). A declividade da área é um fator de grande importância, pois se a mesma apresentar esta característica, devemos planejar antes a distribuição das espécies e a formação dos canteiros a fim de evitar a erosão.
Como por exemplo podemos citar o plantio de capim-limão em curva de nível onde o mesmo transforma-se numa faixa de retenção. Os canteiros e covas por sua vez também devem obedecer sua confecção em curvas de nível.
Iniciamos a formação das sementeiras e canteiros, com as seguintes dimensões: 1 a 1,2 metros de largura e 0,2 metros de altura. Nas sementeiras, vale lembrar que a terra deve ser bem fofa, e as sementes podem ser cobertas com areia bem fina ou terra coada. As covas que serão feitas para plantio de algumas espécies, devem ter 30 cm de largura x 30 cm de comprimento e 30 de fundura.


ADUBAÇÃO

É recomendável realizar a fosfatagem, com fosfatos naturais para corrigir a deficiência de fósforo típica dos solos brasileiros. De uma maneira geral, pode-se usar 150g de fosfato/m2/canteiro. Uma adubação equilibrada é a chave para a obtenção de plantas mais resistentes a pragas e doenças também com maiores teores de fármacos, sem comprometer a produção de massa verde. Para fazer a correção básica do solo recomenda-se usar 150g de calcáreo/m2/canteiro.
O esterco de bovino é colocado na proporção de 6 a 101/m2/canteiro e esterco de galinha de 2 a 3 litros/m2/canteiro, estes devendo estar totalmente curtidos. Podemos acrescentar 2 litros de humus/m2/canteiro. Em covas deve-se colocar 1/4 das dosagens recomendadas/m2 para cada canteiro. Nas sementeiras a adubação é a mesma dos canteiros.


PRAGAS E DOENÇAS

As espécies medicinais normalmente apresentam alta resistência ao ataque de doenças e pragas, mas, por algum desequilíbrio, este pode ocorrer em níveis prejudiciais. Num ambiente equilibrado, com plantas bem nutridas, a possibilidade de ataque diminui. O uso de produtos químicos(agrotóxicos) é condenado para o cultivo de espécies medicinais, isto se justifica pela ausência de produtos registrados para estas espécies, conforme exigência legal, e pelas alterações que tais produtos podem ocasionar nos princípios ativos. Tais alterações vão desde a permanência de resíduos tóxicos sobre as plantas até a veiculação de metais pesados como o cádmio e o chumbo. Se para os alimentos já se buscam alternativas para evitar o uso de produtos tóxicos, para a produção de fitoterápicos a atenção deve ser redobrada.
Podemos citar como exemplos destas alterações o uso de afalon (linuron) em camomila, que alterou significamente a concentração dos princípios ativos da flor, segundo pesquisa feita por REICHLING (1979). Testes realizados por STARR et. al. (1963) mostram que o uso de inseticidas/fungicidas em menta deixam resíduos tóxicos nos seus óleos essenciais.


PRAGAS /DOENÇAS

Ácaros -Fungos -Besouros -Bactérias -Cachonilhas -Vírus
Formigas -Lagartas -Percevejos - Pulgões -Lesmas -Nematóides


CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS

a) MEDIDAS GERAIS
- Seleção de área de cultivo - Manejo do solo
- Rotação de culturas - Plantio na época correta
- Usar sementes, mudas, estacas de plantas sadias - Plantio no espaçamento adequado
- Consorciação


Uma área grande de plantas da mesma espécie pode facilitar o surgimento e rápido desenvolvimento de pragas e doenças específicas. A consorciação de duas ou mais espécies reduz este risco. É necessário, entretanto, fazer um planejamento desta consorciação por causa dos efeitos alelopáticos (ação de uma espécie sobre o desenvolvimento da outra). Quando não há informações sobre o efeito da consorciação ela deve ser testada primeiro em uma pequena área. Abaixo vemos alguns exemplos de asssociações benéficas e associações que devem ser evitadas.
- Alfavaca: seu cheiro repele moscas e mosquitos. Não devem ser plantadas perto da arruda.
- Funcho: em geral não se dá bem com nenhuma outra planta.
- Cravo-de-defunto: protege as lavouras dos nematóides. Aparentemente não é prejudicial a nenhuma outra planta.
- Hortelã: Seu cheiro repele lepidópteros tipo borboleta-da-couve podendo ser plantada como bordadura de lavouras. Exige atenção pois se alastra com facilidade.
- Manjerona: melhora o aroma das plantas.
- Alecrim: mantém afastados a borboleta-da-couve e a mosca-da-cenoura. É planta companheira da sálvia.
- Catinga-de-mulata: seu aroma forte mantém afastados os insetos voadores. Pode ser plantado em toda área.
- Tomilho: seu aroma mantém afastada a borboleta-da-couve.
- Losna: como bordadura, mantém os animais fora da lavoura, mas sua vizinhança não faz bem a nenhuma outra planta; mantenha-o um pouco afastado.
- Mil-folhas: planta-se com bordadura perto de ervas aromáticas: aumenta a produção de óleos essenciais.
- Arnica brasileira: inibe a germinação de sementes de plantas daninhas.


b) MEDIDAS ESPECÍFICAS PARA CONTROLE DE PRAGAS

- Macerado de samambaia
Colocar 500 gramas de folhas frescas ou 100 gramas de folhas secas em um litro de água por dia. Ferver meia hora. Para aplicação diluir um litro deste macerado em dez litros de água. Controla ácaros, cochonilhas e pulgões.


- Macerado curtido de urtiga
Colocar 500 gramas de folhas frescas ou 100 gramas de folhas secas em um litro de água e deixar dois dias. Para aplicação diluir em 10 litros de água e pulverizar sobre as plantas ou no solo. Controla pulgões e lagartas (aplicado no solo)


- Macerado de fumo
Picar 10 cm de fumo de corda e colocar em um litro de água por um dia em recipiente não-metálico com tampa. Diluir em 10 litros de água e pulverizar as plantas. Controla cochonilhas, lagartas e pulgões.


- Mistura álcool e fumo
Coloque 10 cm de fumo picado em uma tijela e cubra com álcool misturado com um pouco de água. Quando o fumo absorver o álcool, coloque mais álcool misturado com um pouco de água e deixe 15 dias de molho, tampando a tijela, para que a nicotina seja retirada do fumo. Coloque o líquido em uma garrafa com tampa e, na hora de usar, misture com sabão ralado e água nas seguintes proporções: um copo de mistura de água e fumo, 250 gramas de sabão e 10 litros de água. Controla pulgões.


- Mistura de querosene, sabão e macerado de fumo
Aqueça 10 litros de água, 20 colheres de sobremesa de querosene e 3 colheres de sopa de sabão em pó biodegradável. Deixe esfriar e adicione um litro de macerado de fumo. Pulverizar sobre as plantas. Controla cochonilhas com carapaça e ácaros.


- Mistura de sabão, macerado de fumo e enxofre
Misturar em 10 litros de água morna, meia barra de sabão, um litro de macerado de fumo e um kg de enxofre. Deixar esfriar e pulverizar sobre as plantas. Controla ácaros.


- Cravo de defunto
Quando plantado nas bordaduras impede o aparecimento de nematóides nas plantas cultivadas.


- Tajujá, taiuiá ou melancia-brava
É uma planta trepadeira cujas folhas são bem parecidas com as da melancia. A raiz é semelhante à da mandioca. Apanha-se esta raiz, corta-se em pedaços de 10 cm e distribui-se na lavoura. A seiva ou líquido existente na raiz atrai insetos, fazendo com que estes não ataquem a planta cultivada. Deve ser renovada regurlamente. Controla besouros ( "vaquinha" ).


- Purungo ou cabaça
Também é uma planta trepadeira. Suas folhas são parecidas com as de abóbora. Quando o fruto está maduro (seco) é usada para cuia de chimarrão. Quando está verde, o fruto cortado ao meio atrai insetos, devendo ser espalhado na lavoura, como o tajujá. Controla besouros ("patriota") .


- Soro de leite
Quando pulverizado sobre as plantas, resseca e mata ácaros.


- Armadilha luminosa
Colocar uma lanterna de querosene acessa a partir das sete horas da noite no meio da lavoura e deixar até de madrugada, principalmente nos meses de novembro a fevereiro. As mariposas são atraídas pela luz e batem no vidro da lanterna, caindo num saco de estopa aberto que é colocado logo abaixo. No dia seguinte matar as mariposas. Controla mariposas, especialmente a mariposa-oriental (broca-dos-ponteiros) que ataca os pomares.


-Saco de aniagem
Umidecê-lo com um pouco de leite e colocar na lavoura em vários locais. No dia seguinte pegar as lesmas que estão aderidas ao saco e matá-las.


- Solução de água e sabão
Colocar 50 gramas de sabão caseiro em 5 litros de água quente. Após esfriar, aplicar com o pulverizador. Controla pulgões, cochonilhas e lagartas.


- Infusão de losna
Derramar um litro de água fervente sobre 300 gramas de folhas secas e deixar em infusão por 10 minutos. Diluir em 10 litros de água. Pulverizar sobre as plantas. Controla lagartas e lesmas.


- Cerveja
A cerveja atrai lesmas. Fazer armadilhas com latas de azeite, tirando a tampa e enterrando-as a com abertura no nível do solo. Colocar um pouco de cerveja misturada com sal. As lesmas caem na lata atraídas pela cerveja e morrem desidratadas pelo sal. Controla lesmas.


- Pimenta vermelha
Pimenta vermelha bem socada, misturada com bastante água e um pouco de sabão em pó ou líquido pulverizada sobre as plantas, age como repelente de insetos. Outras plantas também podem ser utilizadas como inseticidas, entre as quais se destacam:


- Piretro
É obtido de algumas plantas do gênero Chrysanthemum, da família Asteraceae, com o qual se faz um inseticida contra pulgões, lagartas e vaquinhas. É obtida fazendo-se a maceração das flores. Sua ação pode ser aumentada ( ação sinergística ) com uso da sesamina, produto obtido do extrato de gergelim ( sesamum indicum ), da família Pedaliaceae.


- Alamanda
Ou chapéu-de-Napoleão. São plantas do gênero Allamanda, da família Apocynaceae. Com suas folhas prepara-se uma infusão para combater pulgões e cochonilhas.


- Santa Bárbara
Ou cinamomo, a Melia azedarach. da família Meliacea. O extrato alcoólico de seus frutos é utilizado para combater pulgões e gafanhotos. A substância encontrada nesta planta, a azadirachtina, inibe o consumo das plantas por estes insetos.


- Arruda
Ruta graveolens. da família Rutaceae. Suas folhas são utilizadas no preparo de uma infusão para o combate a pulgões.


- Pimenta-do-reino
Piper niger, da família Piperaceae. De seus frutos se extrai uma substância que inibe o consumo das plantas por diversos insetos.


c) MEDIDAS ESPECÍFICAS PARA CONTROLE DE DOENÇAS

- Chá de camomila
Imergir um punhado de flores em água fria por um ou dois dias. Pulverizar as plantas, principalmente as mudas em sementeira. Controla diversas doenças fúngicas.


- Mistura de cinza e cal
Dissolver 300 gramas de cal virgem em 10 litros de água e misturar mais 100 gramas de cinzas. Coar e aplicar sobre as plantas por pincelamento ou pulverização durante o inverno, quando as árvores estão em dormência. Controla barbas, líquens e musgos.


- Cal
Fazer uma pasta de cal e pincelar sobre o tronco. Com isto evita-se a subida de formigas e ajuda controlar a barba das frutíferas.


- Pasta de argila, esterco, areia fina e chá de camomila
Misturar partes iguais de argila (barro), esterco, areia fina e chá de camomila, de modo a formar uma pasta. Usar para proteger os cortes feitos por podas e também ramos ou troncos doentes durante o outono após a queda das folhas e antes da floração e brotação.


- Chá de raiz forte (crem)
Derramar água quente sobre folhas novas da raiz forte e deixar em infusão por 15 minutos. Diluir 1 litro da infusão em 2 litros de água e pulverizar a planta toda. Controla podridão parda das frutíferas.


- Pasta bordaleza
Diluir um kg de sulfato de cobre bem moído com um pouco de água, mexendo bem com uma vara. Em outro vasilhame queimar um kg de cal virgem com água quente, a qual deve ser colocada bem devagar. Esperar até que a solução esfrie. Em um terceiro vasilhame, com capacidade para 10 litros, colocar a solução de cal e a solução de sulfato de cobre, pouco a pouco e mexendo bem com uma vara. Depois completar até os dez litros com água e mexer bem novamente. Aplicar com uma brocha de pedreiro e pintar os troncos e os galhos mais grossos, evitando as folhas e galhos mais finos. Aplicar durante o inverno. Controla barba, líquens, musgos, algas em frutíferas e ajuda controlar doenças bacterianas em outras plantas.


- Calda sulfocálcica
É o melhor produto para o tratamento de inverno das frutíferas. Diluir 1.5 kg de enxofre em pó em água, acrescentando um pouco de espalhante adesivo para dissolver melhor. Em seguida colocar em uma lata com capacidade de vinte litros e levar ao fogo acrescentando 10 litros de água. Colocar nesta lata 1.2 de cal virgem fresco e mexer bem. Manter a mistura no fogo durante uma hora, acrescentando sempre um pouco de água para manter o volume inicial. Após uma hora a calda deve ter cor pardo-avermelhada. Deixar esfriar e coar em um pano. Para dosar a quantidade de água para diluir a calda teríamos que usar uma tabela e um aparelho chamado aerômetro de Baumé. Entretanto, em muitos casos não se justifica comprar este aparelho. Por isso, se o cal virgem e o enxofre forem bem frescos, sugerimos diluir um litro de calda em cinco litros de água. Emseguida pulverizar toda planta no inverno antes do inchamento das gemas. Controla as mesmas doenças da calda, bordaleza, tendo excelente ação sobre fungos como ferrugem de alho e cebola. Para controle de doenças provocadas por Cladosporium e Phytophthora recomenda-se aplicar extratos de plantas que contenham solanina, um alcalóide encontrado em diversas espécies do gênero Solanum (ex: batata, fumo-bravo, joá ).
Além destes preparados p ara controlar/repelir pragas e doenças podemos ainda lançar mão dos inimigos naturais destas mesmas pragas e doenças. Um exemplo disto é o produto chamado DIPEL, que é um inseticida biológico cujo "ingrediente ativo" é uma bactéria ( Bacillus thuringiesis ) que, quando ingerida por lagartas de diversas espécies ( mas não todas ), parasita seu intestino levando-ás a morte. Esta bactéria não faz mal a outros insetos ou animais e não possui efeito residual.


d) Biofertilizante líquido
O biofertilizante, empregado apenas como adubo orgânico com excelentes resultados, é um efluente pastoso, resultante da fermentação da matéria orgânica, por um determinado tempo, na ausência total de oxigênio. Mas, a partir de 1985, técnicos da EMATER-RIO começaram a observar os efeitos do biofertilizante liquído diluído em água, percebendo redução do ataque de pragas e doenças. Os efeitos foram:
- nutricional, com aumento da produtividade;
- fito-hormonal,induz floração e facilita o enraizamento de estacas;
- nematicida, controla larvas e nematóides quando aplicado puro sobre o solo;
- fungistático e bacteriostático, reduzem o ataque de fungos e bactérias;
- inseticida e repelente, mata insetos de "corpo mole" (formas larvais e jovens), como lagartas, e repele os ditos de "corpo duro" (insetos adultos alados).


Todas as ações ocorrem sem haver desequilíbrios, pois o biofertilizante é constituídosimplesmente por macro, meso e microelementos e aminoácidos úteis ao desenvolvimento do vegetal. Não é recomendado pulverizar durante a floração, para não haver prejuízos à polinização.Para produzir o biofertilizante, a EMATER-RIO recomenda uma bombona plástica com esterco bovino misturado em partes iguais com água pura, não-clorada, deixando-se um espaço vazio de 15 a 20 cm no seu interior. Esta bombona é hermeticamente fechada, tendo adaptada, em uma de suas tampas, uma mangueira plástica fina, que tem a outra extremidade mergulhada em uma garrafa cheia de água.
Tudo isto serve para garantir a anaerobiose necessária ao processo de fermentação, a qual dura 30 dias. O material a ser empregado é coado em peneira e, posteriormente, filtrado em pano fino. O tempo de utilização do biofertilizante é reduzido, devendo ser usado imediatamente ou, no máximo, em uma semana, para que não perca o efeito fitosanitário. Caso não possa ser utilizado, ele deve voltar ao sistema anaeróbico, ficando por mais 30 dias. Neste caso, só terá efeito hormonal e nutricional.
A aplicação do biofertilizante é feita com os pulverizadores normalmente utilizadosnas lavouras. Dilui-se a 50%, isto é, colocam-se 50 litros de biofertilizante e completa-se com água para 100 litros ou proporções equivalentes. Esta concentração garante o controle dos insetos de "corpo mole",agindo como inseticida de contato, repelindo as formas adultas. Elevando-se a concentração, aumenta também o controle dos insetos em formas adultas. À medida que se diminui a concentração da calda, diminui o efeito inseticida, permanecendo o efeito repelente de insetos adultos. As pulverizações são feitas em alto volume, ou seja, as plantas devem ser totalmente recobertas com a calda. As estacas poderão ser mergulhadas em biofertilizante liquído puro, por 1 a10 minutos, sendo secas à sombra por cerca de duas horas e postas a enraizar em seguida. Maiores informações são apresentadas no trabalho de VAIRO DOS SANTOS (1992).
Talvez o único inconveniente do uso do biofertilizante seja a carga microbiológica, que poderia ser aumentada sobre a parte aérea das plantas, comprometendo a qualidade. No entanto, não há estudos envolvendo plantas medicinais.


Quadro informativo sobre cultivo, colheita e propagação das plantas medicinais

Nome Comum Nome Botânico Propag. Espaç.(m) colheita Porte(m)
ALECRIM Rosmarinus officinalis estacas 1,2 x 0,9 1 ano 1,0
ALECRIM PIMENTA Lippia sidoides estacas 1,5 x 1,2 1 ano 1,5
CALÊNDULA Calendula officinalis sementes 0,2 x 0,2 floresc/to 0,5
CONFREI Symplytum sp div. touc. 0,5 x 0,5 3 meses 0,5
CHAPÉU - DE - COURO Equinodorus macrophyllus div. touc. 0,6 x 0,6 3meses 0,6 a 1,5
QUEBRA - PEDRA Phyllantus niruri sementes 0,2 x 0,2 3 meses 0,5
POEJO Mentha pulegium riz./estacas 0,3 x 0,3 3 meses rasteiro
MIL-FOLHAS Achilea milefolium rebentos 0,5 x 0,3 4 meses 0,5
TANCHAGEM Plantago sp sementes 0,3 x 0,3 3 meses 0,4
GUACO Mikania glomerata estacas 3,0 x 2,5 6 meses trepadeira
ARTEMÍSIA Artemisia vulgaris sementes 0,3 x 0,3 floresc/to 0,5
AGRIÃO Lepidium sativum rasteiro riz/ sem/tes 0,3 x 0,3 3 meses
HORTELÃ Mentha villosa riz/estacas 0,3 x 0,3 3 meses rasteiro
BOLDO Vernonia condensata estacas 3,0 x 2,0 4 meses 2,5
CAMPIM - SANTO Cymbopogon citratus div. touc. 1,0 x 0,4 3 meses 0,5
ERVA DE STA- MARIA Chenopodium ambrosioide sementes 0,5 x 0,5 3 meses 0,8
FOLHA DA FORTUNA Bryophyllum pinnatum folhas 0,5 x 0,5 6 meses 0,6 a 1,0
FUNCHO Foeniculum vulgare sementes 0,3 x 0,3 3 a 4 meses 0,8
GENGIBRE Zingiber officinalis rizomas 0,5 x 0,5 8 a 10 meses 0,9 a 1,2
MARACUJÁ Passiflora edulis sementes 5,0 x 3,0 1 ano trepadeira
MENTRASTO Agerato conyzóides sementes 0,3 x 0,3 3 meses 0,5
ORÉGANO Origanum vulgare sem./ estcas 0,6 x 0,3 1 ano 0,3
CAMOMILA Chamomila recutita sementes 0,5 x 0,15 4 a 6 meses 0,4
TOMILHO Thymus vulgaris sem./ estcas 0,6 x 0,3 18 meses 0,3
CARQUEJA Bicharis articulata sem./ estcas 0,5 x 0,3 5 meses 0,6
ALHO Allium sativum bulbilhos 0,25 x 0,10 4 a 5 meses 0,3 a 0,4
ERVA CIDREIRA Líppia alba sem./ estcas 1,0 x 0,5 6 meses 1,0


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Parte II - Colheita e Processamento


2.1 - DETERMINAÇÃO DO PONTO DE COLHEITA

O primeiro aspecto a ser observado na produção de plantas medicinais de qualidade, além da condução das plantas, é sem dúvida a colheita no momento certo. As espécies medicinais, no que se refere à produção de substâncias com atividade terapêutica, apresentam alta variabilidade no tempo e espaço. O ponto de colheita varia segundo órgao da planta, estádio de desenvolvimento, época do ano e hora do dia.
A distribuição das substâncias ativas, numa planta, pode ser bastante irregular, assim, alguns grupos de substâncias localizam-se preferencialmente em órgãos específicos do vegetal. Os flavonóides, de uma maneira geral, estão mais concentrados na parte aéreas da planta, em camomila (Chamomila recutita) o camazuleno e outras substâncias estão mais concentradas nas flores. Vê-se, portanto, a necessidade de conhecimento da parte que deve ser colhida para que se possa estabelecer o ponto ideal.
O estádio de desenvolvimento também é muito importante para que se determine o ponto de colheita, principalmente em plantas perenes e anuais de ciclo longo, onde a máxima concentração é atingida a partir de certa idade e/ou fase de desenvolvimento. Por exemplo, o jaborandi (Pilocarpus microphyllus) apresenta baixo teor de pilocarpina (alcalóide) quando jovem. O alecrim (Rosmarinus officinalis) apresenta maior teor de óleos essenciais após a floração, sendo uma das exceções dentre as plantas medicinais de um modo geral.
Há uma grande variação na concentração de princípios ativos durante o dia: os alcalóides e óleos essenciais concentram-se mais pela manhã, os glicosídeos à tarde. As raízes devem ser colhidas logo pela manhã. Também a época do ano parece exercer algum efeito nos teores de princípios ativos, assim a colheita de raízes no começo do inverno ou no início da primavera (antes da brotação), são citados como melhores épocas.
As cascas são colhidas quando planta está completamente desenvolvida, ao fim da vida anual ou antes da floração (nas perenes), nos arbustos as cascas são separadas no outono e, nas árvores, na primavera.
No caso de sementes recomenda-se esperar até o completo amadurecimento, no caso de frutos deiscentes (cujas sementes caem após o amadurecimento), a colheita deve ser antecipada.
Os frutos carnosos com finalidade medicinal são coletados completamente maduros. Os frutos secos, como os aquênios, podem cair após a secagem na planta, por isso recomenda-se antecipar a colheita, como ocorre com o funcho (Foeniculum vulgare).
Deve-se salientar que a colheita das plantas em determinado ponto tem o intuito de obter o máximo teor de princípio ativo, no entanto, na maioria das vezes, nada impede que as plantas sejam colhidas antes ou depois do ponto de colheita para uso imediato. O maior problema da época de colheita inadequada é a redução do valor terapêutico e/ou predominância de princípios tóxicos, como no confrei (Symphitum ssp.).
Existem alguns aspectos práticos que deveremos levar em consideração, no processo de colheita de algumas espécies. Na melissa cortamos seus ramos e não somente colhemos suas folhas, desta forma conseguimos uma produção em torno de 3 t/ha de matéria seca, em cortes, que são efetuados no verão e outono.
No poejo, temos que ser cuidadosos, pois é uma erva rasteira. Com essa característica, poderá trazer-nos prejuízos pela contaminação do material, que sendo colhido muito próximo do solo, terá muitas impurezas. Produz aproximadamente 2 t/ha de matéria seca em três cortes anuais.
No boldo (Necroton) devemos colher somente as folhas, com bom estádio de desenvolvimento. Desidratadas produzem cerca de 2,5 t/ha.
Na carqueja devemos cortar totalmente sua parte herbácea, respeitando dois nós acima da superfície do solo. Esse procedimento favorecerá posteriormente a rebrota das plantas. Produz cerca de 2 t/ha de planta seca, em duas a três colheitas por ano. O ponto ideal é no início da floração.
No capim limão fazemos também o corte total, e procedemos como a colheita da carqueja. Devemos eliminar as folhas doentes, com manchas ou secas, que são inadequadas para o beneficiamento. Produz cerca de 3 t/ha de matéria seca em dois cortes por ano.
No quebra-pedra, colhermos a planta inteira. Suas raízes, podem ser lavadas em água limpa.Produz cerca de 3 t/ha de matéria seca em duas safras anuais.
Na camomila colhemos as flores em várias passadas. Devem apresentar seus capítulos florais completos. Sua produção varia em torno de 600 a 800 kg/ha de flores secas, em uma única safra.


Quadro II Recomendações Gerais de Colheita

PARTE COLHIDA PONTO DE COLHEITA
Talos e folhas Antes do florescimento
Flores No início da floração
Frutos e sementes Quando maduros
Raízes Quando a planta estiver adulta
Casca e entrecasca Quando a planta estiver florida
Fonte: Guia.... (1990);CORREA et al (1991); MARTINS et al (1992).


2.2 OPERAÇÃO DE COLHEITA

Uma vez determinado o momento correto, deve-se fazer a colheita com tempo seco, de preferência, e sem água sobre as partes, como orvalho ou água nas folhas. Assim a melhor hora da colheita é pela manhã, logo que secar o orvalho das plantas. O material colhido é colocado em cestos e caixas; deve-se ter o cuidado de não amontoá-los ou amassá-los, para não acelerar a degradação e perda de qualidade.
Deve-se evitar a colheita de plantas doentes, com manchas, fora do padrão, com terra, poeira,órgãos deformados, etc. Durante o processo de colheita é importante evitar a incidência direta de raios solares sobre as partes colhidas, principalmente flores e folhas. As raízes podem permanecer por algum tempo ao sol.
Um ponto mais importante, para a qualidade, é a anotação dos dados referentes às condições no momento da colheita, condução da lavoura, local, produtor, condições de secagem, etc. Imediatamente após a colheita o material deve ser encaminhado para a secagem.


2.3 PROCESSAMENTO PÓS-COLHEITA

Normalmente após a colheita das plantas pode-se fazer o uso direto do material fresco, extrair substâncias ativas e aromáticas do material fresco ou a secagem para comercializaçao "in natura", a qual requer mais atenção, por permitir a conservação e possibilitar a utilização das plantas a qualquer tempo e não somente quando atingirem o ponto de colheita.

2.3.1 SECAGEM

O consumo de plantas medicinais frescas garante ação mais eficaz dos princípios curativos, entretanto, nem sempre se dispõe de plantas frescas para uso imediato, e a secagem possibilita conservação quando bem conduzida. No beneficiamento de plantas medicinais são utilizados vários processos.
Dependendo da espécie e da forma de comercialização, esses processos são utilizados diferencialmente. Por exemplo, as mentas podem ter as folhas dessecadas ou o óleo essencial comercializado, duas condições que exigem metodologias diferentes. A maioria das plantas medicinais é comercializada na forma dessecada tornando o processo de secagem fundamental para a qualidade final do produto. A redução do teor de água durante a secagem, impede a ação enzimática e consequente deterioração.
O órgão vegetal, seja folha, flor, raiz, casca, quando recém colhido se apresenta com elevado teor de umidade e substratos, o que concorre para um aumento na ação enzimática, que compreende diversas reações. Estas reações são reduzidas à medida que se retira água do órgão, pois a redução de umidade do meio é o melhor inibidor da ação enzimática. Daí a necessidade de iniciar a secagem imediatamente após a colheita.
A secagem reduz o peso da planta, em função da evaporação de água contida nas células e tecidos das plantas, promovendo o aumento percentual de princípios ativos em relação ao peso inicial da planta. Daí dever-se utilizar menor quantidade de plantas secas do que frescas. No entanto, esta percentagem varia com a idade da planta e condições de umidade do meio.
Durante o processo de colheita é importante evitar a incidência direta de raios solares sobre as partes colhidas, principalmente flores e folhas. As raízes podem permanecer por algum tempo ao sol.
Um ponto mais importante, para a qualidade, é a anotação dos dados referentes às condições no momento da colheita, condução da lavoura, local, produtor, condições de secagem, etc. Imediatamente após a colheita o material deve ser encaminhado para a secagem.


CUDADOS QUE ANTECEDEM A SECAGEM

Antes da secagem, deve-se adotar alguns procedimentos básicos para a boa qualidade do produtos, independente do método de secagem a ser utilizado. Sendo eles:
*Não se deve lavar as plantas previamente antes da secagem, exceto no caso de raízes e rizomas
que devem ser lavados. Caso a parte aérea das plantas estejam muito sujas, usa-se água limpa para
uma lavagem, efetua-se uma agitação branda dos ramos logo em seguida, para eliminar a maior
parte da água sobre a superfície da planta. A lavagem da parte aérea deve ser rápida, para evitar a
perda de princípios ativos.
*Deve-se separar as plantas de espécies diferentes.
*As plantas colhidas e transportadas ao local de secagem não devem receber raios solares.
*Antes de submeter as plantas à secagem, deve-se fazer a eliminação de impurezas (terra, pedras, outras plantas, etc) e partes da planta que estejam em condições indesejáveis (sujas, descoloridas ou manchadas, danificadas...).
*As plantas colhidas inteiras devem ter cada parte (folhas, flores, sementes, frutos e raízes) colocadas para secar em separado, e conservadas depois em recipientes separados.
*Quando as raízes são volumosas, pode-se cortá-las em pedaços ou fatias para facilitar a secagem, como se faz em batata-de-purga (Operculina macrocarpa).
*Para secar as folhas, a melhor maneira é conserv á-las com seus talos, pois isto preserva suas qualidades, previne danos e facilita o manuseio. Folhas grandes devem ser secas separadas do caule. Nas fohas com nervura principal muito espessa, como alcachofra (Cynara scolymus), estas são removidas para facilitar a secagem.


MÉTODOS DE SECAGEM

A secagem pode ser conduzida em condições ambientes ou artificialmente com uso de estufas, secadoras, etc. Dependendo do método utilizado e do órgão da planta a ser dessecado, têm-se uma necessidade de área útil do secador variável entre 10 e 20% da área colhida.

a) SECAGEM NATURAL

A secagem natural é um processo lento, que deve ser conduzido à sombra, em local ventilado, protegido de poeira e do ataque de insetos e outros animais. Este processo é recomendado para regiões que tenham condições climáticas favoráveis, relacionadas principalmente a alta ventilação e temperatura, com baixa umidade relativa. É o mais usado a nível doméstico.
O secador de temperatura ambiente é o modelo mais econômico e dá bons resultados em climas secos e quentes quando na época da colheita e secagem, isto porque só conta com a temperatura ambiente local. Constitui-se numa construção retangular com um telhado de duas águas, o que lhe dá a aparência de uma casa retangular. Dentro, deve conter estruturas de madeira ou metal, onde se apoiam as plantas em feixes ou em bandejas.
Deve-se espalhar o material a ser seco em camadas finas, permitindo assim a circulação de ar entre as partes vegetais, o que favorece a secagem mais uniforme. Em geral a espessura da camada de plantas na secagem é de 3 cm para folhas e 15 a 20 cm para flores e umidades floridas. Para isto podem ser utilizadas bandejas com moldura semelhantes. Deve-se evitar o revolvimento do material durante o processamento de secagem. Quando a secagem é muito lenta, pode-se fazer cuidadosa movimentação das plantas sobre as bandejas, evitando-se danos, principalmente se o material está muito úmido.
Outra maneira prática é dependurar as plantas em feixes pequenos amarrados com barbante. Os feixes devem ficar afastados entre si. Este método nao é adequado para plantas cujas folhas caem durante a secagem, como o manjericão.
As plantas secas nestas condições vão ter um teor de umidade em equilíbrio com a umidade relativa do ambiente. Se esta for baixa, tanto menor vai ser o teor de umidade ao final da secagem, o que melhora a conservação do material seco.


b) SECAGEM ARTIFICIAL

A secagem artificial consiste em manter sob ventilação a uma temperatura de 35 a 40º C. As temperaturas acima de 45º C danificam os órgãos vegetais e seu próprio conteúdo, pois proporcionam uma "cocção" das plantas e não uma secagem, apesar de inativarem mais rapidamente as enzimas. Esta secagem origina um material de melhor qualidade por aumentar a rapidez do processo.
Para a secagem de plantas medicinais com fins de comercialização utilizam-se basicamente três tipos de secadores: o secador de temperatura ambiente (já descrito anteriormente), o secador de temperatura e umidade controlada e os secadores especiais.
O "secador de temperatura e umidade controlada" é conhecido por "estufa" e tem o formato semelhante ao anterior, diferindo por ser mais fechado e possuir uma pequena fornalha externa que é recomendada para locais de clima frio e chuvoso ou para dessecação de órgãos carnosos e/ou suculentos.
O uso de forno de microondas também é uma alternativa para secagem das plantas. As folhas mais tenras e suculentas levam cerca de 3 minutos na secagem, e as ervas com folhas pequenas, mais secas, apenas 1 minuto. Por esse método preserva-se a cor e aroma das folhas.
Uma outra alternativa que vem sendo testada, nas instalações do Grupo Entre Folhas, é o secador onde se altera somente a umidade relativa do ar. Utiliza-se um aparelho que reduz a umidade relativa a níveis pré-estabelecidos, secando as plantas mais facilmente e em menor tempo. O aparelho elétrico, conhecido como desumificador, fica dentro de uma sala, vedada contra a entrada de ar úmido, luz e poeira. Dentro desta sala, ficam bandejas de madeira, com fundo em tela plástica branca, sobres as quais são colocadas as plantas colhidas. Este sistema é razoavelmente simples, pois envolve o uso de um só equipamento que permite a secagem rápida das plantas, quando a umidade relativa é fixada em 50 a 60%.


2.4 ARMAZENAMENTO E EMBALAGEM

O material está pronto para ser embalado e guardado quando começa a ficar levemente quebradiço. O teor de umidade ideal após a secagem deve ser de 5 a 10% para folhas e flores, para cascas e raízes esta umidade varia entre 12 e 20%. O período de armazenagem deve ser o menor possível, para reduzir as perdas de princípios ativos. Preferencialmente o local deve ser escuro, arejado e seco, sem acesso de insetos, roedores ou poeira.
O acondicionamento do material vai depender do volume produzido e do tempo que se pretende armazená-lo. Na literatura são encontradas recomendações aplicáveis a condições de clima temperado, como o uso de tonéis de madeira não aromática, que conservam o produto por muito tempo. Serão necessários estudos para avaliar os diversos tipos de embalagens e o período de conservação máximo.
Pequenas quantidades de plantas podem ser colocadas em potes de vidro ou sacos de polietileno ou polipropileno, que também parecem permitir boa conservação. O uso de sacos de juta tem sido utilizado a curto prazo. Em todos os casos não se recomenda colocar próximas as embalagens de espécies diferentes (principalmente as fortemente aromáticas) ou depositar diretamente sobre o piso (colocar sobre estrados próprios ou dependurar).
O material, antes de ser armazenado, deve ser inspecionado quanto à presença de insetos e fungos. Durante o armazenamento deve-se repetir com frequência tais inspeções. No caso de ataque recomenda-se eliminar o material, não se aconselha o expurgo das instalações em presença das ervas, uma vez que não existe registro, para plantas medicinais, dos produtos normalmente utilizados nestas operações.


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Substâncias ativas das ervas medicinais

Após a série de transformações tecnológicas que faz da planta medicinal uma droga vegetal, esta contém um certo número de substâncias que, na maior parte dos casos, agem sobre o organismo humano. É a fitoquímica (química dos vegetais), que se encarrega de estudar estas substâncias ativas, a sua estrutura, a sua distribuição na planta, as suas modificações e os processos de transformação que se produzem no decurso da vida da planta, durante a preparação do remédio vegetal e no período de armazenagem. A fitoquímica está em estreita ligação com a farmacologia (estudos dos efeitos das substâncias medicinais sobre o organismo humano, do mecanismo e da velocidade da sua ação, do processo de absorção e eliminação, das suas indicações, isto é, do uso contra determinadas doenças). A farmacologia, por seu lado, é indissociável da medicina clínica.

As substâncias ativas das plantas medicinais são de dois tipos: os produtos do metabolismo primário (essencialmente sacarídeos), substâncias indispensáveis à vida da planta que se formam em todas as plantas verdes graças à fotossíntese; o segundo tipo de substâncias é composto pelos produtos do metabolismo secundário, ou seja, processos que resultam essencialmente da assimilação do azoto. Estes produtos parecem freqüentemente ser inúteis a planta, mas os seus efeitos terapêuticos, em contrapartida, são notáveis. Trata-se designadamente de óleos essenciais (ou essências naturais), resinas, alcalóides como os da cravagem ou do ópio.

Geralmente, estas substâncias não se encontram na planta em estado puro, mas sob a forma de complexos, cujos diferentes componentes se completam e reforçam na sua ação sobre o organismo. No entanto, mesmo quando a planta medicinal só contém uma substância ativa, esta tem sobre o organismo humano um efeito mais benéfico que o produzido pela mesma substância obtida por síntese química.

Esta propriedade apresenta um grande interesse para a fitoterapia, tratamento através das plantas ou das substâncias de origem vegetal. A substância ativa não e unicamente um composto químico, mas apresenta também um equilíbrio fisiológico, é mais bem assimilada pelo organismo e não provoca efeitos nocivos. É nisso que reside a grande vantagem da medicina natural.

Pode citar-se como exemplo o ópio, látex seco das cápsulas da dormideira, contendo, entre muitas substâncias, um grande número de alcalóides importantes. Cada alcalóide isolado tem uma ação totalmente diferente do ópio no seu conjunto e provoca, no organismo humano, efeitos específicos, típicos e originais (efeitos farmacológicos). O mesmo se passa com os glucosídeos da digital.

Toda uma série de métodos modernos permitem por em evidência a presença nos vegetais de determinadas substâncias. Em primeiro lugar, o estudo microscópico, relativo à estrutura anatômica e morfológica do corpo vegetal (atlas microscópicos das drogas vegetais), depois os métodos físicos, como a microsublimação, que consiste em aquecer uma pequena quantidade de droga e fixar sobre um vidro as emanações, que são em seguida analisadas através de métodos químicos. Certas substâncias podem ser detectadas pela sua fluorescência quando iluminadas por uma lâmpada de mercúrio.

As técnicas especiais da química qualitativa e quantitativa permitem também despistar a presença de determinada substância. Estes métodos são descritos em artigos especializados, obedecem a normas estabelecidas a nível nacional e às exigências relativas a qualidade das plantas medicinais.

A natureza química da droga é determinada pelo seu teor em substâncias pertencentes aos seguintes grupos principais: alcalóides, glucosídeos, saponinas, princípios amargos, taninos, substâncias aromáticas, óleos essenciais e terpenos, óleos gordos, glucoquininas, mucilagens vegetais, hormonas e anti-sépticos vegetais.

Alcalóides

Os alcalóides são compostos azotados complexos, de natureza básica, capazes de produzir geralmente poderosos efeitos fisiológicos. São, na maior parte dos casos, venenos vegetais muito ativos, dotados de uma ação específica.

A medicina emprega-os normalmente em estado puro e o seu verdadeiro valor apenas se releva quando usados adequadamente pelo médico. Segundo a sua composição química e, sobretudo, a sua estrutura molecular, os alcalóides podem ser divididos em vários grupos. Encontraremos na parte descritiva vegetais contendo:

Fenilalaninas: capsicina da pimenta, colquicina do cólquico;
Alcalóides isoquinoleicos: morfina, etilmorfina, codeína e papaverina contidas no ópio da dormideira; e alcalóides indólicos: ergometrina, ergotamina, ergotoxina da cravagem dos cereais;
Alcalóides quinoleicos: caule folhoso da arruda comum;
Alcalóides piridínicos e piperidínicos: ricinina do rícino, trigonelina do feno-grego, conina (veneno violento) da cicuta;
Alcalóides derivados do tropano: escopolamina e atropina da beladona;
Alcalóides esteróides: raiz do veratro, doce-amarga, aconito (aconitina).



Glucosídeos

Os glucosídeos são produtos do metabolismo secundário das plantas. Compõem-se de duas partes. Uma contém açúcar, por exemplo a glucose, e é geralmente inativa, embora favoreça a solubilidade do glucosídeo, a sua absorção e mesmo o seu transporte para determinado órgão. O efeito terapêutico é determinado pela segunda parte, a mais ativa, designada aglícono. Segundo a composição química, distinguem-se vários grupos de glucosídeos:

Tioglucosídeos: contêm enxofre organicamente ligado e são característicos, por exemplo, da família das brassicáceas. Nestas plantas são acompanhados de uma enzima, a mirosinase, cuja ação os decompõe em glucose e em isotiocianatos (rábano silvestre, grãos de mostarda branca ou mostarda preta, sementes de capuchinha).
Glucosídeos derivados do ácido cianídrico, formados por um composto cianídrico ligado a um açúcar. A ação enzimática decompõe-nos (muitas vezes na saliva humana) em ácido cianídrico livre, que é um veneno (amêndoas amargas, flor de sabugueiro e de abrunheiro-bravo, folhas de cerejeira e de gingeira garrafal).
Glucosídeos antraquinônicos, que são geralmente pigmentos cristalinos bastante lábeis. Têm uma ação laxativa 6 a 8 horas após a sua absorção (rizoma do ruibarbo, casca do amieiro).
Cardioglucosídeos (glucosídeos da digital), substâncias muito importantes que regulam a atividade cardíaca em doses infinitesimais. Conforme a sua estrutura química, são divididos em cardenólidos (digitais, adonis, junquilho) e em bufadienóis (raiz de heléboro).
Glucosídeos fenólicos, que pertencem a um grupo de substâncias com efeitos e freqüentemente também um aroma muito característico. São por isso classificadas entre as substâncias aromáticas (derivados salicílicos da casca de salgueiro, da ulmária e dos brotos do choupo; arbutina e metilarbutina das folhas de medronheiro, de airela, de urze).


Saponinas

As saponinas são muito comuns nas plantas medicinais. Do ponto de vista químico, caracterizam-se igualmente por um radical glucídico (glucose, galactose) ligado a um radical aglícono. A sua propriedade física principal é reduzir fortemente a tensão superficial da água. Todas as saponinas são fortemente espumosas e constituem excelentes emulsionantes. Têm uma outra propriedade característica: proporcionam a hemólise dos glóbulos vermelhos (eritrócitos), isto é, libertam a sua hemoglobina, o que explica o efeito tóxico de algumas delas, tornando-as impróprias para consumo.

As saponinas irritam as mucosas, provocam um relaxamento intestinal, aumentam as secreções mucosas dos brônquios (são expectorantes): flor de verbasco, raiz de alcaçuz e de saponária. São também usadas como diuréticos e desinfetantes das vias urinárias (caule folhoso da herniária, folha de bétula, raiz de resta-boi). A célebre raiz de ginseng (Panax ginseng), originária da China, da Coréia e das regiões extremo-orientais da União Soviética, é igualmente rica em saponinas.

Princípios amargos

Estas substâncias apresentam um gosto amargo, excitam as células gustativas, estimulam o apetite e aumentam a secreção dos sucos gástricos. A farmacologia agrupa, sob o nome de princípios amargos, as substâncias vegetais terpênicas susceptíveis de libertar azuleno, assim como glucosídeos de diversas estruturas bioquímicas. O primeiro grupo engloba, por exemplo, os sucos amargos do absinto e do cardo-santo. O segundo grupo é o mais comum: reúne os sucos das gencianáceas (genciana, trifólio), da centáurea, etc.

Taninos

Estas substâncias de composição química variável apresentam uma característica comum: a capacidade de coagular as albuminas, os metais pesados e os alcalóides. São hidrossolúveis. O seu interesse medicinal reside essencialmente na sua natureza adstringente: possuem a propriedade de coagular as albuminas das mucosas e dos tecidos, criando assim uma camada de coagulação isoladora e protetora, cujo efeito é reduzir a irritabilidade e a dor, deter os pequenos derrames de sangue.

As decocções e as outras preparações à base de drogas ricas em taninos são usadas, na maior parte dos casos, externamente contra as inflamações da cavidade bucal, os catarros, a bronquite, as hemorragias locais, as queimaduras e as frieiras, as feridas, as inflamações dérmicas, as hemorróidas e a transpiração excessiva.

No uso interno, são úteis em caso de catarro intestinal, diarréia, afecções da vesícula, assim como antídoto nos envenenamentos por alcalóides vegetais.

O ácido tânico, tirado das galhas do carvalho, é freqüentemente usado em farmácia. Emprega-se igualmente a casca de carvalho (carvalho de Inverno ou carvalho de Verão), as folhas de nogueira, as folhas e os frutos de mirtilo, as folhas de framboeseiro, de espinheiro, as cimeiras de agrimônia, a raiz da sete-em-rama, a raiz de bistorta, de pimpinela, etc.

As substâncias aromáticas

Fazem parte deste grupo um certo número de substâncias, freqüentes nas drogas vegetais, de composição e ação por vezes muito variáveis. Podem estar associadas na planta a outras substâncias ativas. É neste grupo que encontramos, nomeadamente, os glucosídeos fenólicos de que já falamos, ou os derivados do fenilpropano, como as cumarinas de perfume característico. Os caules folhosos do meliloto, da aspérula odorífera, são ricos em cumarina.

As hidroxicumarinas apresentam igualmente interesse farmacêutico. A esculina, contida na casca do castanheiro-da-índia, tem os mesmos efeitos que a vitamina P, aumenta a resistência dos vasos sanguíneos e por isso é útil no tratamento das hemorróidas e das varizes (com a rutina). Além disso, absorve os raios ultravioletas (filtros solares, cremes protetores). A casca da brionia (Cortex viburni) contém igualmente hidroxicumarinas. A angélica oficinal contém furocumarinas.

Um segundo grupo de substâncias aromáticas é constituído pelos produtos de condensação das moléculas de ácido acético ativado (acetogeninas). É a este grupo que pertencem os flavonóides, substâncias fenólicas, entre as quais a mais importante, do ponto de vista terapêutico, é a rutina, que exerce, como a esculina, uma ação favorável sobre as paredes dos capilares. A rutina é extraída da arruda, mas também do trigo mourisco e da sófora.

As folhas e flores do espinheiro alvar, assim como as bagas do mesmo arbusto, contêm flavonóides freqüentemente usados.

Uma outra droga importante, tanto para a medicina popular como para a medicina oficial, e contendo, a par das substâncias flavonóides, uma série de outros produtos, é a flor ou a baga do sabugueiro negro.

A flor da tília é um outro remédio muito apreciado. Citemos também o caule folhoso da milfurada, a perpétua-das-areias, a antenária. O cardo-leiteiro, rico em substâncias importantes do grupo das flavolignanes, eficazes contra as doenças do fígado e as hepatites, é objeto de estudos particularmente atentos desde há algum tempo. As substâncias ativas do cânhamo, as naftoquinonas das folhas de nogueira, os compostos contidos na drosera pertencem igualmente ao grupo das plantas aromáticas.

Os óleos essenciais (essências naturais) e os terpenos

Os óleos essenciais são líquidos voláteis, refringentes, de odor característico. Formam-se num grande número de plantas como subprodutos do metabolismo secundário.

Os vegetais são mais ricos em essências quando o tempo é estável, quente, soalheiro: será então a melhor altura para colhê-los. Estes óleos acumulam-se em certos tecidos no seio das células ou de reservatórios de essência, sob a epiderme dos pêlos, das glândulas ou nos espaços intracelulares. O controle microscópico da qualidade dos óleos essenciais revela-nos que essas células estão dispostas em formações características.

Os óleos essenciais são extraídos de plantas frescas ou secas mediante destilação por vapor de água, extração pura e simples ou outras técnicas (por pressão, por absorção de gorduras em perfumaria, etc.)

Do ponto de vista químico, trata-se de misturas extremamente complexas. A medicina recorre freqüentemente a substâncias extraídas dos óleos essenciais (mentol, cânfora).

O uso farmacêutico dos óleos essenciais fundamenta-se nas suas propriedades fisiológicas: o perfume e o gosto (corrigentia); o efeito irritante sobre a pele e as mucosas (derivantia); as propriedades desinfetantes e a ação bactericida. A essência de anis, de funcho, etc. (Oleum anisi, Oleum foeniculi) são muitas vezes usadas como expectorantes, pois são eliminadas pelos pulmões e desinfetam assim diretamente as vias respiratórias, libertando as mucosidades. São usadas também em gargarejos, inalações e gotas nasais. A sua absorção facilita os processos digestivos; atuam como estomacais, colagogos e carminativos. A maior parte das plantas com essências são usadas como aromatizantes (chicória, funcho, anis, manjerona, tomilho, serpão, orégão).

O efeito de irritar a pele é aproveitado através de aplicações externas anti-reumatismais. Os linimentos contêm quer substâncias extraídas dos óleos essenciais (mentol, cânfora), quer essências de menta, de alecrim, de lavanda e de terebentina, verificando-se, na maior parte dos casos, uma mistura de todos estes produtos.

As essências naturais devem ser conservadas, bem como as plantas que as contêm, em recipientes bem fechados ao abrigo da luz. As essências oxidam-se rapidamente à luz e ao ar, polimerizam-se, transformam-se em resinas e perdem o odor e a ação que as caracterizam.

Entre as numerosas essências naturais que entram na composição de muitos remédios naturais, citamos pelo menos a essência de anis (Oleum anisi), de funcho (Oleum foeniculi), de lavanda (Oleum lavandulae), de hortelã-pimenta (Oleum menthae piperitae) e o mentol que esta fornece, de tomilho e o respectivo timol, assim como o seu carvacrol, que é um excelente desinfetante.

Os óleos essenciais compõem-se sobretudo de terpenos, produtos voláteis freqüentemente misturados com outras substâncias. A tanchagem contém uma elevada percentagem de terpeno.

Os óleos gordos

São óleos vegetais líquidos à temperatura ambiente. O frio torna-os turvos e os faz coagular, são insolúveis na água, mas solúveis em solventes orgânicos (clorofórmio, acetona, por exemplo). Entre os óleos não sicativos, pode citar-se o azeite e o óleo de amêndoas, entre os semi-sicativos, o óleo de amendoim, de girassol e de colza. O óleo de linho e de papola são sicativos. O óleo de rícino é fortemente laxante. Os óleos gordos são correntemente utilizados tanto no fabrico de remédios como para fins alimentares e industriais.

As glucoquininas (insulinas vegetais)

São substâncias que têm influência sobre a glicemia; são também chamadas fito-insulinas. Existem nos vegetais seguintes: vagem de feijão sem sementes (Fructus phaseoli sine semine), cimeiras de galega (Herba galegae), folhas de mirtilo. Estas plantas secas entram na composição de tisanas antidiabéticas usadas no tratamento complementar do diabético.

As mucilagens vegetais

São misturas amorfas de polissacarídeos que formam na presença de água sistemas coloidais fortemente viscosos. Com água fria, as mucilagens engrossam e formam gels, com água quente dissolvem-se e formam soluções coloidais que se gelificam de novo ao arrefecer. Nas plantas, estas substâncias servem de reservatórios, sobretudo pela sua capacidade de reter a água. Nas infusões e decocções, as mucilagens das plantas medicinais têm como efeito reduzir a irritação quer física quer química. Exercem assim uma ação favorável contra as inflamações das mucosas, especialmente as das vias respiratórias e digestivas, atenuam as dores das contusões, amaciam a pele quando são aplicados cataplasmas. Reduzem o peristaltismo intestinal, e o seu efeito de absorção age favoravelmente em casos de diarréia. São usadas abundantemente como emulsionantes (carraguinatos, extraídos das algas marinhas).

As plantas mucilaginosas são usadas quer isoladamente quer em misturas de infusões. Citemos, por exemplo, a folha e a raiz da altéia, a flor da malva e a folha da mesma planta, a flor da malva-rosa, a folha e a flor da tussilagem, a semente do feno-grego, a semente do linho, etc.

As pectinas pertencem igualmente a este grupo: trata-se, com efeito, de polissacarídeos que formam gels como as mucilagens. As pectinas existem em numerosos frutos e são particularmente abundantes nos sumos de frutas e legumes: sumo de maçã, de beterraba, de cenoura. As pectinas são usadas nas curas de frutos e no tratamento das diarréias.

As hormonas vegetais (fito-hormonas)

São substâncias de composição química muito complexa, geralmente biocatalisadores que atuam sobre o crescimento e as trocas metabólicas (biostimulantes). Existem, por exemplo, no lúpulo, no anis, na salvia, na sorveira, na altéia, na bolsa-de-pastor, na aveia e na cenoura.

Os anti-sépticos vegetais

São substâncias antibióticas produzidas pelos vegetais superiores, exercendo uma ação antimicrobiana de largo espectro, na maior parte dos casos instáveis e voláteis. Atuam mesmo em aerossol, por via respiratória. Existem no alho, na cebola, na mostarda, no rábano silvestre, no sabugueiro, no zimbro, no pinheiro, na tanchagem, etc. Continuam a ser estudadas nos nossos dias.

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PARTE IV - PREPARO E USO DE FITOTERÁPICOS


4.1 FORMAS DE PREPARO E USO

BANHO: Faz-se uma infusão ou decocção (veja a seguir) mais concentrada que deve ser coada e misturada na água do banho. Outra maneira indicada é colocar as ervas em um saco de pano firme e deixar boiando na água do banho. Os banhos podem ser parciais ou de corpo inteiro, e são normalmente indicados 1 vez por dia.

CATAPLASMA: São obtidas por diversas formas:
a) amassar as ervas frescas e bem limpas, aplicar diretamente sobre a parte afetada ou envolvidas em um pano
fino ou gase;
b) as ervas secas podem ser reduzidas a pó, misturadas em água, chás ou outras preparações e aplicadas envoltas em pano fino sobre as partes afetadas;
c) pode-se ainda utilizar farinha de mandioca ou fubá de milho e água, geralmente quente, com a planta fresca ou seca triturada.


COMPRESSA: É uma preparação de uso local (tópico) que atua pela penetração dos princípios ativos através da pele. Utilizam-se panos, chumaços de algodão ou gase embebidos em um infuso concentrado, decocto, sumo ou tintura da planta dissolvida em água. A compressa pode ser quente ou fria.
Outra forma é molhar a ponta de uma toalha e colocar no local afetado, cobrindo com a outra ponta da toalha
seca, para conservar o calor.


DECOCÇÃO: Preparação normalmente utilizada para ervas não aromáticas (que contém princípios estáveis ao calor) e para as drogas vegetais constituídas por sementes, raízes,cascas e outras partes de maior resistência à ação da água quente. Numa decocção, coloca-se a parte da planta na quantidade prescrita de água fervente. Cobre-se e deixa-se ferver em fogo baixo por 10 a 20 minutos. A seguir deve-se coar e espremer a erva com um pedaço de pano de ou coador. O decocto deve ser utilizado no mesmo dia de seu preparo.

GARGAREJO: Usado para combater afecções da garganta, amigdalites e mau hálito. Faz-se uma infusão concentrada e gargareja quantas vezes for necessário. Ex.: Sálvia (máu hálito), tanchagem, malva e romã (amigdalites e afecções na boca).

INALAÇÃO: Esta preparação utiliza a combinação do vapor de água quente com aroma das substâncias voláteis das plantas aromáticas, é normalmente recomendada para problemas do aparelho respiratório. Colocar a erva a ser usada numa vasilha com água fervente, na proporção de uma colher de sopa da erva fresca ou seca em ½ litro d'água, aspirar lentamente (contar até 3 durante a inspiração e até 3 quando expelir o ar), prosseguir assim ritmicamente por 15 minutos. O recipiente pode ser mantido no fogo para haver contínua produção de vapor. Usa-se um funil de cartolina (ou outro papel duro); ou ainda uma toalha sobre os ombros, a cabeça e a vasilha, para facilitar a inalação do vapor. No caso de crianças deve-se ter muito cuidado, pois há riscos de queimaduras, pela água quente e pelo vapor, por isso é recomendado o uso de equipamentos elétricos especiais para este fim.

INFUSÃO: Preparação utilizada para todas as partes de plantas medicinais ricas em componentes voláteis, aromas delicados e princípios ativos que se degradam pela ação combinada de água e do calor. Normalmente,
trata-se de partes das plantas tais como flores botões e folhas. As infusões são obtidas fervendo-se a água necessária, que é derramada sobre a erva já separada, colocada noutro recipiente. Após a mistura, o recipiente
permanece tampado por um tempo variável entre 5 e 10 minutos. Deve-se coar o infuso, logo após o término do repouso. Também o infuso deve ser ingerido no mesmo dia da preparação.


MACERAÇÃO: Preparação (realizada a frio) que consiste em colocar a parte da planta medicinal dentro de um recipiente contendo álcool, óleo, água ou outro líquido. Folhas, flores e outras partes tenras ficam macerando por 18 a 24 horas. Plantas onde há possibilidade de fermentações não devem ser preparadas desta forma.O recipiente permanece em lugar fresco, protegido da luz solar direta, podendo ser agitado periodicamente. Findo o tempo previsto, filtra-se o líquido e pode-se acrescentar uma quantidade de diluente (água por exemplo), se achar necessário para obter um volume final desejado.

ÓLEOS: São feitos na impossibilidade de fazer pomadas ou compressas. As ervas secas ou frescas são colocadas em um frasco transparente com óleo de oliva, girassol ou milho, depois manter o frasco fechado diretamente sob o sol por 2 a 3 semanas. Filtrar ao final e separar uma possível camada de água que se formar. Conservar em vidros que o protejam da luz.

PÓS: A planta é seca o suficiente para permitir sua trituração com as mãos, peneirar e frasco bem fechado. As
cascas e raízes devem ser moídas até se transformarem em pó. Internamente pode ser misturado ao leite ou mel e externamente, é espalhado diretamente sobre o local ferido ou misturado em óleo, vaselina ou água antes de aplicar.


SUCO OU SUMO: Obtém-se o suco espremendo-se o fruto e o sumo ao triturar uma planta medicinal fresca num pilão ou em liquidificadores e centrífugas. O pilão é mais usado para as partes pouco suculentas. Quando a planta possuir pequena quantidade de líquido, deve-se acrescentar um pouco de água e triturar novamente após uma hora de repouso, recolher então o líquido liberado. Como as anteriores, esta preparação também deve ser feita no momento do uso.

TINTURA: Maneira mais simples de conservar por longo período os princípios ativos de muitas plantas medicinais. Deixam-se macerar 250 g da planta fresca picada em 500 ml de álcool a 80 ou 90% por um período variável entre 8 e 10 dias em local protegido da luz solar, a seguir espremer e filtrar o composto obtido. No caso de ervas secas, utiliza-se 250 a 300 g de ervas para um litro de álcool a 70% (7 partes de álcool e 3 de água). Quando possível utilize o álcool de cereais. Conserve sempre ao abrigo da luz em frasco tampado. Usa-se na forma de gotas dissolvidas em água para uso interno, ou em pomadas, unguentos e fricções em uso externo. Os príncipios ativos presentes nas tinturas alcançam rapidamente a circulação sanguínea.

UNGÜENTO E POMADA: A pomada pode ser preparada com o sumo da erva ou chá mais concentrado misturado com a banha animal, gordura de coco ou vaselina na forma líquida. Pode-se ainda aquecer as ervas na gordura depois coar e guardar em frascos tampados e, ainda, pode ser adicionada a tintura à vaselina. Pode-se adicionar um pouco de cera de abelha nas preparações a quente da pomada. As pomadas permanecem mais tempo sobre a pele, devem ficar usadas a frio e renovadas 2 a 3 vezes ao dia.

VINHO MEDICINAL: Usar vinho branco, tinto ou licoroso com graduação alcoólica de aproximadamente 11 GL. Usar 5g de ou mais ervas (ou a dosagem indicada) para cada 100 ml de vinho. Macerar bem, tampar e deixar em local escuro, ao abrigo da luz por um período de 10 a 15 dias. Filtra-se o preparado. Toma-se uma colher antes ou depois das refeições, ou conforme indicações, segundo os efeitos desejados.

XAROPE: Os xaropes são utilizados normalmente nos casos de tosses, dores de garganta e bronquite. Na sua
preparação, faz-se inicialmente uma calda com açúcar cristal rapadura, na proporção de 1.5 a 2 partes para cada 1 parte de água, em voluma, por exemplo, 1.5 a 2 xícara de açúcar ou repadura ralada. A mistura é levada ao fogo e, em poucos minutos há completa dissolução e a calda estará pronta, com maior ou menor consistência, conforme desejado, então são adicionadas as plantas preferencialmente frescas e picadas, coloca-se em fogo baixo e mexe-se por 3 a 5 minutos, findos os quais o xarope é coado e guardado em frasco de vidro. Se for desejada a adição de mel ou em substituição ao açúcar, não se deve aquecer, neste caso adiciona-se apenas o suco da planta ou a decocção ou infusão frios. O xarope pode ser preparado com tinturas, neste caso adiciona-se 1 parte de tintura para 3 partes da mesma calda com açúcar ou rapadura. As decocções podem ainda servir de base para o xarope, neste caso adiciona-se o açúcar diretamente nas mesmas, podendo submeter a leve aquecimento para facilitar a dissolução do açúcar. A quantidade de plantas a ser adicionada em cada xarope é variável segundo a espécie vegetal. O xarope pode ser guardado por até 15 dias na geladeira, mas se forem observados sinais de fermentação, ele deve ser descartado, no caso dos xaropes preparados com tinturas, o período de conservação tende a ser maior. O uso de gotas de tintura de própolis no xarope serve como conservante, além de auxílio terapêutico. Obviamente, os xaropes, devido à grande quantidade de açúcar, não devem ser usados por diabéticos.
De um modo em geral, o horário em que se toma os preparados fitoterápicos é muito importante para a cura ou efeitos desejados. Assim tem-se as seguintes regras gerais:
. desjejum ou café da manhã - toma-se os laxativos, depurativos, diuréticos e vermífugos (meia hora antes) ;
. duas horas antes e depois das refeições principais - toma-se as preparações antireumáticas, hepatoprotetoras,
neurotônicas, contra a febre e tosse;
. meia hora antes das refeições principais - preparações tônicas e antiácidas;
. depois das refeições principais - todas as preparações digestivas e contra gases;
. antes de deitar - todosa os preparados protetores do fígado e laxativos.
As dosagens dos remédios caseiros são variáveis de acordo com a idade, na ausência de recomendações específicas para os chás, utilize as indicadas a seguir:


1. Menor de 1 ano de idade: 1 colher de café do preparado 3 vezes ao dia
2. De 1 a 2 anos: 1/2 xíc. de chá 2 vezes ao dia
3. De 2 a 5 anos: 1/2 xíc. de chá 3 vezes ao dia
4. De 5 a 10 anos: 1/2 xíc. de chá 4 vezes ao dia
5. De 10 a 15 anos: 1 xíc. de chá 3 vezes ao dia
6. Adultos: 1 xíc. de chá 3 a 4 vezes ao dia
Outra recomendação se refere à redução proporcional das doses para crianças de acordo com a idade, assim se recomenda uma sexta, uma terça ou meia parte da dose preconizada para adultos.
Para facilitar as preparações na Tabela II estão as unidades domésticas de volume e respectivos pesos:


TABELA II - Unidade de volume com pesagens

UNIDADES DE VOLUME PESO - g

1 colher de chá de raízes secas 04
1 colher de chá de folhas frescas 02
1 colher de chá de raízes ou cascas secas 20
1 colher de sopa de folhas secas 02
1 colher de sopa de folhas frescas 05


GLOSSÁRIO

Abcesso. Inchação causada por formação de pus ou acúmulo de pus numa cavidade.

Ácido Úrico. Ácido que, geralmente, é eliminado do organismo pela urina, mas que, em casos patológicos, forma grandes depósitos nas articulações (gota) ou nas vias urinárias (cálculos).

Acolia. Falta ou interrupção da secreção biliar .

Adenite. Inflamação das glândulas.

Adstringente. Agente que diminui ou impede a secreção ou absorção, causa sensação de secura e aspereza na
boca.


Afecção. Doença.

Albuminúria. Emissão de urina contendo albumina.

Amenorréia. Ausência de menstruação.

Analgésico. Agente que acalma ou impede a dor.

Ancilose. Diminuição ou privação do movimento numa articulação.

Ancilostomíase. Verminose intestinal.

Anestésico. Agente que abranda ou tolhe a sensibilidade.

Aneurisma. Tumor formado no trajeto de uma artéria.

Angina. Inflamação intensa das mucosas da face, laringe e traquéia.

Anexite. Inflamação dos anexos do útero (trompas e ovários).

Anorexia. Ausência de apetite.

Antiácido. Que neutraliza a ação dos ácidos.

Antiartrítico. Que combate o artritismo (predisposição às afecções articulares) .

Antidiarréico. Agente que evita ou combate a diarréia.

Antiemético. Que previne vômito.

Antiescobúrtico. Agente que combate o escorbuto.

Antiescrofuloso. Agente que combate os tumores da tuberculose.

Antiespasmódico. Que age contra espasmos e dores agudas.

Antiflogístico. Que combate ou suprime febre e inflamações.

Antihelmíntico. Vermífugo.

Anti-hemorrágico. Que favorece a coagulação do sangue.

Antilítico. Previne a formação de cálculo no sistema urinário e colabora na sua remoção.

Antimicrobiano. Agente que destroi microorganismos.

Antipirético. Que diminui a temperatura corporal em estados febris.

Antisséptico. Que age contra infecções, destruindo ou inibindo a proliferação de microorganismos patogênicos.

Antitérmico. Febrífugo.

Antraz. Aglomeração de furúncúlos.

Anúria. Diminuição ou supressão da secreção urinária.

Aperiente. Que estimula o apetite.

Apoplexia. Hemorragia cerebral que determina a suspensão da sensibilidade do movimento.

Arteriosclerose. Degeneração e endurecimento das artérias, produzindo distúrbios circulatórios e alterações nos órgãos, com enfraquecimento das artérias cerebrais e decadência psíquica.

Artrite. Inflamação de uma ou mais articulações.

Ascaridiose. Verminose intestinal.

Ascite. Acúmulo de líquido na cavidade abdominal; barriga d'agua.

Astenia. Debilidade geral do corpo.

Bacteriostático. Antisséptico, que impede o desenvolvimento de bactérias.

Balsâmico. Que combate as inflamações das mucosas das vias respiratórias.

Béquico. Que combate a tosse, antitussígeno.

Blefarite. Inflamação localizada nas pálpebras.

Blenorragia. Infecção purulenta das menbranas mucosas, especialmente da uretra e da vagina; blenorréia ou
gonorréia.


Calmante. O mesmo que sedativo.

Caquexia. Estado de desnutrição profunda, produzido por diversas causas.

Carcinoma. Tumor maligno constituido por células epiteliais.

Cardialgia. Dor aguda no coração.

Cardiotônico. Que estimula e regula as contrações cardíacas.

Carminativo. Agente que favorece e provoca a expulsão de gases intestinais.

Catártico. Purgante mais energético que o laxante e menos drástico.

Cefaléia. Dor de cabeça.

Cirrose. Endurecimento de um órgão em consequência de aumento de tecido conjuntivo.

Cistite. Inflamação da bexiga urinária.

Clíster. Injeção de água pura ou medicamento no intestino, através do reto.

Clorose. Tipo de anemia peculiar à mulher.

Colagogo. Que provoca e favorece a expulsão da bílis.

Colerético. Agente que aumenta a produção de bílis.

Colutório. Líquido medicamentoso para as mucosas bucais.

Convulsão. Contração muscular bruta e involuntária.

Defluxo. Coriza ou catarro nasal.

Depurativo. Medicamento que libera o organismo e o sangue de substâncias tóxicas, através da urina, fezes ou suor.

Desobstruente. Agente que combate as obstruções intestinais e hepáticas.

Detersivo. Que serve para limpar feridas e chagas, purificador.

Diaforético. Que provoca e favorece a sudorese (transpiração).

Dispepsia. Dificuldade em digerir.

Dispnéia. Dificuldade em respirar.

Disúria. Expulsão dolorosa da urina.

Diurético. Que provoca a eliminação abundante de urina.

Eczema. Doença da pele, com avermelhamento e prurido.

Edema. Acúmulo patológico de líquido proveniente do sangue.

Emenagogo. Que restabelece o fluxo menstrual.

Emético. Que provoca vômito.

Emoliente. Medicamento que avalia as dores de uma superficie interna e irritada.

Enterite. Inflamação intestinal.

Espitaxe. Derramamennto de sangue pelas fossas nasais.

Epitelioma. Tumor epitelial.

Erisipela. Inflamação aguda da pele que provoca seu enrubescimento.

Escorbuto. Doença devido à carência de vitamina C.

Escrofulose. Estado de quem tem escrófulas (tuberculose das glâdulas linfáticas acompanhada de abcessos
supurantes).


Espasmolítico. Antiespasmódico.

Estimulante. Excita a atividade nervosa e vascular.

Estomático. Que cura doeças da boca.

Eupéptico. Estomáquico.

Exantema. Qualquer erupção cutânea.

Expectorante. Quando exerce ação sobre as vias respiratórias ajudando a expulsar o catarro dos canais
bronquiais.


Febrífugo. Antipirético .

Fitoterapia. Tratamento das doenças com utilização de remédios de origem vegetal, isto é, por meio de drogas
vegetais secas ou partes vegetais recém colhidas e seus extratos naturais.


Fratulência. Acúmulo de gases no tubo degestivo.

Gota. Reumatismo decorrente do excesso de ácido úrico no sangue.

Galactagogo. Agente que provoca ou aumenta a secreção do leite.

Hematúria. Emissão, pela uretra, de sangue puro ou misturado com a urina.

Hemoptise. Eliminação pela boca de sangue originado dos pulmões .

Hemostático. Agente que evita hemorragias.

Hidropisia. Acúmulo do soro nas células ou numa cavidade do corpo.

Hipercolesteromia. Alto nível de colesterol no sangue.

Hiperemia. Grande quantidade de sangue em qualquer parte do corpo.

Hipertrigliceridomia. Grande quantidade de triglicerídeos na corrente sanguínea.

Hipocondria. Estado mental caracterizado por depressão e por doentia preocupação com o funcionamento dos
órgãos.


Hipoglicemiante. Que diminui a taxa de glicose do sangue.

Hipotensor. Que diminui a pressão arterial.

Histeria. Psiconeurose que pode se manisfestar por reações exteriores de agitação ou simulação de sintomas
orgânicos diversos.


Impingem. Moléstia de pele, contagiosa, aguda, caracterizada por formar vesículas.

Laxativo. Vide purgativo.

Leucorréia. Secreção branca vaginal ou uterina.

Linfagite. Inflamação dos vasos linfáticos.

Meteorismo. Formação de gases que provocam inchaços e dores.

Metrorragia. Hemorragia uterina.

Panarício. Inflamação das partes moles que circundam a falange, normalmente purulenta.

Peitoral. Que cura doenças do aparelho respiratório.

Princípio ativo. Composto químico encontrado na planta medicinal, responsável por seu poder terapêutico.

Purgativo. Substância que causa forte evacuação intestinal.

Resolutivo. Que faz cessar uma inflamação.

Retite. Inflamação do reto (última parte do intestino grosso).

Revulsivo. Medicamento que provoca aumento do fluxo sanguíneo.

Rubefaciente. Que provoca vermelhidão.

Sedativo. Agente tranquilizante do sistema nervoso central, sem provocar sono ou analgesia.

Sialagogo. Que provoca salivação.

Terçol. Pequeno abcesso na borda das pálpebras.

Tônico.Medicamento que excita a atividade orgânica, diminuindo a fadiga.

Uremia. Intoxicação provocada pela retenção das substâncias que deviam ser eliminadas na urina.

Vesicatória. Substância que produz vesículas.

Vulnerário. Que cura feridas e chagas, favorece a cicatrização.

DESCRIÇÃO DE ALGUMAS PLANTAS E SEUS USOS

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O ALHO

Seria necessário todo um livro para falar das maravilhas que o alho faz em nosso corpo. Ele é energizante, diurético, laxante, entre outros. Seu uso constante dá mais resistência e atua sobre as artérias, prevenindo o enfarte. Nas farmácias homeopáticas, existem comprimidos para quem não gosta do hálito que ele deixa, porém o ideal seria comê-lo cru. Para livrar-se do hálito desagradável, basta tomar suco de limão, ou mastigar folhas de alface por algum tempo.
O alho, que possui o nome científico Allium sativum, é usado como remédio há tempos. Na medicina primitiva egípcia, hindu e grega ele era utilizado como anti-séptico, tônico, estimulante, depurativo, emoliente e antitérmico. Há 4.500 anos ele já propiciava maior resistência á fadiga muscular e imunidade a doenças, principalmente o tifo e a cólera. Além disso, estimula o apetite, regula a digestão, atua contra a diarréia, é expectorante, anticatarral, por isso é muito usado contra bronquites e asmas.
O profeta Maomé usava o alho para neutralizar o veneno de cobras e insetos venenosos.
Em suma, o alho é fundamental na prevenção de várias doenças, por isso, todos os indivíduos deveriam ingerir, pelo menos, um dente de alho cru por dia, porque dentes de alho são verdadeiras cápsulas de saúde.


Indicações: contra hipertensão, picadas de inseto, diurético, expectorante, antigripal, febrífugo, desinfetante, antinflamatório, antibiótico, antisséptico, vermífugo (lombriga, solitária e ameba), para arterioesclerose e contra ácido úrico.
Parte usada: dentes (bulbilhos)
Preparo e dosagem:
- maceração - esmagar um ou dois dentes de alho dentro de um copo com água. Tomar um copo
três vezes ao dia (para gripe, resfriado, tosse e rouquidão).
- tintura - moer uma xíc. (cafezinho) de alho dentro de um recipiente contendo 5 xíc. de álcool 92o GL, deixar em maceração por 10 dias, coar. Tomar 10 gotas em meio copo de água três vezes ao dia, para problemas do aparelho respiratório (gripes, etc.). Para hipertensão utilizar uma colher de chá da tintura em meio copo de água três vezes ao dia ou comer dois dentes de alho pela manhã.
- vermífugo - comer três dentes de alho pela manhã em jejum durante sete dias.
- dores de ouvido - amassar um dente de alho em uma colher de sobremesa de azeite morno. Pingar três gotas no ouvido e tampar com algodão.
- arteriosclerose - comer na alimentação 3 dentes de alho cru picado, 3 vezes por semana, durante 3 meses.
Toxicologia: contra indicado para pessoas com problemas estomacais e de úlceras, incoveniente para recém-nascidos e mães em amamentação, e ainda em pessoas com dermatites. Em doses muito elevada, pode provocar dor de cabeça, de estômago, dos rins e até tonturas.


CEBOLA

A cebola, de nome científico Allium cepa. É uma erva bulbosa usada na alimentação e possui cheiro e sabor acres. Ela é conhecida mundialmente por seu poder energético e porque é surpreendente sua atuação em nosso organismo.
Quando a ingerimos aumentamos notavelmente nosso poder sangüíneo, que se torna capaz de dissolver coágulos, evitando o enfarte do miocárdio. É uma das maiores armas existentes na alimentação, pois previne doenças no sistema vascular do coração, cérebro e vasos arteriais.
Para evitar doenças como: diabetes, hipertensão arterial, nível alto de colesterol, obesidade, gota, tabagismo e stress, todo individuo deveria ingerir uma cebola crua diariamente, transformando o organismo numa verdadeira fábrica de saúde.
Esta erva ainda fornece energia física e resistência á fadiga muscular. Como revela a história, a pirâmide de Gizé foi construída por escravos alimentados quase que exclusivamente por cebola. Está sendo estudada a hipótese de empregá-la na alimentação de atletas e jogadores com a finalidade de se obter uma melhor performance, pois além de melhorar o rendimento físico, ainda aumenta a resistência muscular e mental.
Se você pretende ter vida longa e uma excelente resistência física, aí vai uma dica: coma uma cebola crua por dia, não esquecendo de ingerir pela manhã o suco puro de dois limões, assim seu organismo se transformará em um verdadeiro armamento bélico, disposto a declarar guerra contra qualquer doença.


LIMÃO COMPLEXO DE VITAMINA C

O limão é largamente usado na medicina popular devido ao seu alto valor de vitamina C, além de apresentar teores significativos de ácido cítrico, cálcio, fósforo, ferro, potássio e sódio.
Pelas suas propriedades e ações, ele atua com grande eficácia nas alergias, infecções, câncer, stress, arteriosclerose, fadiga e hemorragia.
Em 1617, John Woodall médico inglês aniquila o escorbuto, uma doença carencial causada pela deficiência absoluta de vitamina C no organismo, que dizimou 65% da tripulação de Vasco da Gama, em 1493, quando viajavam para Cabo da Boa Esperança. John aplicou no tratamento dos pacientes o suco de limão e obteve com sucesso a cura. Os idosos devem ingerir em dobro a vitamina C, já que na velhice a carência é maior e o nível da vitamina C em um idoso é bastante inferior ao de um jovem. Nesse caso o limão indica um suprimento extra de vitamina a este grupo etário, que revigora o estado clínico, físico e até mesmo o psicológico.
Como vemos, o limão é alimento essencial para uma vida saudável; em época de vestibular ou qualquer outra que lhe exija grande esforço físico e mental, procure tomar o suco puro de dois limões ao deitar e ao levantar.


MEL

O mel possui propriedades medicinais e nutritivas comprovadamente superiores ás que contém o açúcar refinado. Ele é diurético, emoliente, alcalinizante, peitoral, expectorante, tônico, anti-séptico, cicatrizante, depurativo sangüíneo e antianêmico.
A descoberta do processo de fabricação do açúcar da cana e da beterraba fez com que o uso do mel caísse muito, propiciando o aparecimento de várias doenças. O mel é elemento essencial na alimentação por conter incontestáveis riquezas vitamínicas, principalmente vitamina C, riboflavina, niacina, vitamina A e vitamina K, por isso cura: escorbuto (insuficiência da vitamina C), beribéri (insuficiência da vitamina B1), pelagra (insuficiência de niacina) e hemeralopia (insuficiência de vitamina A).
O mel ainda possui uma outra substância muito importante, a inibina, esta substância além de ser excelente anti-séptico, paralisa o desenvolvimento do bacilo da tifo e da difteria.



CONHECENDO A PUREZA DO MEL


Como nem sempre podemos obter mel diretamente do produtor, corremos o risco de comprarmos corantes e açúcares como mel. Além de conhecer o mel pelo cheiro e paladar, o consumidor deve testá-lo assim pegue 2 gramas do mel e dissolva em um pouco de água com acetato de benzidina, se ele for puro a mistura ficara inalterada, se for falsificado ficará com uma coloração amarela intensa. Lembramos ainda que, os méis escuros são mais ricos em vitaminas e minerais.


BABOSA, A PLANTA MILAGROSA QUE CURA ATÉ O CÂNCER


A babosa é a maior descoberta do “NOVO MILÊNIO”! Uma planta que por seus princípios ativos pode combater, além de outras doenças, os maiores males de nosso século: o Câncer e a AIDS. Veja como isso é possível.

Frei Romano Zago em uma entrevista concedida para o “NOVO MILÊNIO”, o frei recém-chegado do Convento da Natividade, na Terra Santa, fala das curas fantásticas que conseguiu com o uso da babosa.
Estranhamos, a princípio, pois desconhecíamos que a babosa pudesse ser comestível. Uma investigação da editora sobre a “Aloe Vera” revelou detalhes interessantes:
- energética e nutritiva, a babosa contém vitaminas B1, B5, B6 e B12, além da vitamina C. É coagulante e bactericida, quando usada sobre feridas. Antibiótica, elimina bactérias como a salmonela e estafilococos. Antinflamatória, inibe a dor pelo bloqueio das fibras periféricas receptoras da dor. Um verdadeiro milagre!
Em sua entrevista, ele garante haver curado até câncer. Tentamos entrar em contato com o Frei Romano, mas tudo que conseguimos foi deixar um recado no seu celular, informando que estávamos lançando um livro, onde falaríamos da babosa e suas curas.
Nesse ínterim, tivemos um amigo nosso acometido de forte gripe, que o deixou incapaz até de falar. Estando ele acamado, transmitimos a sua esposa a receita do Frei Romano. Ele se curou da gripe, afirmando hoje que um grave problema, o excesso catarral que o acometia sempre, praticamente desapareceu! Está em vias de repetir a dose.
Diante de tudo que foi exposto, concluímos ser oportuno reproduzir a receita de Frei Romano Zago publicada no NOVO MILÉNIO. As frases entre parênteses são comentários nossos.
Receita


Pegue duas, três ou mais folhas de babosa, de maneira que postas em fila, somem um metro; meio quilo de mel puro e umas quatro colheres de algum destes destilados: cachaça de alambique, garapa, conhaque, uisque e tequila. Cortar os espinhos das folhas, limpá-las do pó, picá-las e colocar tudo junto no liquidificador (não precisa tirar a casca).
A mistura obtida deve ser guardada longe da luz, de preferência na geladeira (não filtrar nem cozinhar).
Tomar três colheres de sopa ao dia:
manhã, meio dia e noite, uns 15 minutos antes das refeições, quando as pepsinas do organismo estão ansiosas para entrar em ação, e assim levam os elementos curativos até os confins do corpo. O álcool que ajuda a dilatar os vasos sangüíneos, favorece esta viagem de limpeza geral.
O tratamento dura uns dez dias e para repeti-lo deve-se aguardar algum tempo.
Quanto à coleta das folhas, prefiram-se as mais velhas, colham-se antes do nascer do sol ou antes de ele se pôr. Nunca, enquanto ele estiver pleno por causa de suas radiações ultravioletas. A coleta também é boa uma semana depois da chuva.


ObS.:
O preparado caseiro de babosa, com casca, não deve ser tomado de forma continuada. Mas só umas quatro vezes ao ano. Aos que são portadores do câncer, aconselha-se um intervalo de 15 dias. Este preparado não é aconselhado para gestantes e mães que amamentam, pois a casca desta planta possui uma substância chamada Giclosídio barbatein, que age sobre as células do intestino grosso, podendo provocar parto prematuro, por causa do possível aumento de contrações do útero.


Aplicações:

Segundo o Frei Romano, a babosa pode e deve ser usada para curar qualquer doença, sendo esta planta milagrosa capaz de deter até o avanço da AIDS. Ele afirma que uma senhora italiana foi curada de câncer nos rins; a diretora de um colégio, de tumor no útero; um menino de 5 anos, argentino, de leucemia; um jovem, de Palermo, não teve mais as infecções oportunistas que atacam os aidéticos. Centenas de pessoas ficaram sãs, livrando-se de alergias, aftas, asma, anemia, cólicas, cãibras, artrose, queimaduras, insolação, doenças de pele, gangrena, diabetes, hemorróidas, furúnculo, doenças venéreas, infecção da bexiga e dos rins, dores de ouvido e de cabeça, problemas no figado e no estômago, úlceras gástricas, varizes, verrugas e vermes.

Efeitos Colaterais:

Pelo visto, a babosa atua como um poderoso regenerador, livrando o organismo das toxinas, tal como um fortíssimo depurador sangüíneo. Em conseqüência, quem se submete ao tratamento com a babosa pode ter desarranjo intestinal, coceiras, pequenas manchas na pele, bolhas, fezes fétidas, urina mais escura, erupção nas pontas dos dedos, coceira no couro cabeludo e formigamento nas mãos.

Advertência:

Tal como ocorre com qualquer produto natural, a babosa pode reagir de forma diferenciada na presença de elementos químicos no organismo. Por isso, tome muito cuidado ao fazer uso desta ou outra planta qualquer.